(Imagem: THE BRIDE - Marc Chagall)
TUDO COMEÇOU COM O CARLOS:
POEMA DE SETE FACES
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas
Para que tanta perna, meu Deus,
{pergunta meu coração.
Porém meus olhos
Não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, porque me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
Se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução;
mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é o meu coração.
Eu não devia te dizer,
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
______________________________
E outros poetas também tentaram:
LET'S PLAY THAT
(TORQUATO NETO )
Quando eu nasci
um anjo louco muito louco
veio ler a minha mão
não era um anjo barroco
era um anjo muito louco, torto
com asas de avião
eis que esse anjo me disse
apertando a minha mão
com um sorriso entre dentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
let's play that
____________________
ORIDES FONTELLA, ácida como um limão, poeta demais, fala:
CDA (imitado)
Ó vida, triste vida!
Se eu me chamasse Aparecida
dava na mesma.
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Adelinha não deixou por menos:
POEMA DE SETE FACES
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas
Para que tanta perna, meu Deus,
{pergunta meu coração.
Porém meus olhos
Não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, porque me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
Se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução;
mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é o meu coração.
Eu não devia te dizer,
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
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E outros poetas também tentaram:
LET'S PLAY THAT
(TORQUATO NETO )
Quando eu nasci
um anjo louco muito louco
veio ler a minha mão
não era um anjo barroco
era um anjo muito louco, torto
com asas de avião
eis que esse anjo me disse
apertando a minha mão
com um sorriso entre dentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
let's play that
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ORIDES FONTELLA, ácida como um limão, poeta demais, fala:
CDA (imitado)
Ó vida, triste vida!
Se eu me chamasse Aparecida
dava na mesma.
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Adelinha não deixou por menos:
COM LICENÇA POÉTICA
(ADÉLIA PRADO)
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta,
anunciou:vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza
e ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo.
Cumpro a sina.
Inauguro linhagens,
fundo reinos- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida
é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável.
Eu sou.
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E MACUNADRU OUSOU:
POEMA DE SETE FACES, SETE OLHOS E SETE BUNDAS
(Imitando CDA e Orides Fontella – Variações sobre a mesma teima)
Nena de Castro
Quando eu nasci,
um ogro desocupado,
Tirando meleca do nariz,
Moveu a varinha de condão
e furou o olho da coruja
que tinha piscado para o dia que surgia...
E virei a Moura-Torta,
da palavra torta e poesia idem.....
ó tempora, ó mores,
ó têmpera, ó mares!
Se me chamasse Fredegunda
E fosse uma ogra gorda
com o único olho vazado
e a mão torta e vazia
(seria estátua de cera de Madame Tussaud
ou do Museu de Horrores,
ao lado do Corcunda de Notre Dame...)
"Mundo, mundo, vasto mundo,
Mais vasto é o meu coração"
Se eu fosse o Raimundo,
Não andava sem calção.
Se me chamasse Raimunda
E etc. e tal
Mostraria bem a bunda
Num grande fio dental.
Quando eu nasci,
um ogro porra-louca,
Provavelmente com a cuca cheia
de vapores etílicos de pinga ordinária,
Cuspindo de lado e coçando o saco,
sentenciou:-Vai, Nena, vai fazer merda na vida!
Sou poeta.
Ó vida, ferida doída,
Se me chamasse Aparecida,
Mesmice, bobice e tolice...
Se me chamasse Raimundo,
Só servia pra rima besta.
Se me chamasse Raimunda,
Todo mundo faria fiu-fiu....