sexta-feira, 22 de agosto de 2008

POETAS E POEMAS QUE AMO

UMA PALAVRA

(CHACAL)

Uma
palavra
escrita é uma
palavra não dita é uma
palavra maldita é uma palavra
gravada como gravata que é uma palavra
gaiata como goiaba que é uma palavra gostosa

__________________________________

RÁPIDO E RASTEIRO

(CHACAL)

Vai ter uma festa
que eu vou dançar
até o sapato pedir pra parar
aí eu paro, tiro o sapato
e danço o resto da vida.
_____________________

NADA SERÁ COMO ANTES
(CHACAL)

Nosso amor puro
pulou o muro
caiu na vida.
jamais seremos o par
romântico
que outrora fomos.
__________________
PRONTO PRA OUTRA

(CHACAL)

Gravei seu olhar seu andar
sua voz seu sorriso.
você foi embora
e eu vou na papelaria
comprar uma borracha.
____________________

JOGOS FLORAIS


CACASO

I
Minha terra tem palmeiras
onde canta o tico-tico
Enquanto isso o sabiá
vive comendo o meu fubá.
II
Ficou moderno o Brasil
ficou moderno o milagre;
a água já não vira o vinho,
vira direto vinagre.
III
Minha terra tem Palmares
memória, cala-te já.
peço licença poética
Belém, capital Pará.
IV
Bem, meus prezados senhores
dado o avançado da hora
errata e efeitos do vinho
o poeta sai de fininho.

(será mesmo com 2 esses
que se escreve paçarinho?)
________________________

O LUGAR DA TANSGRESSÃO
(CACASO)

Encontrei um sapo cochilando dentro de
Minha botina. Nunca me meti em botina
De sapo. Que liberdades são essas?
_____________________________

AUTORES E POEMAS QUE AMO!


Fernando Pessoa
FERNANDO PESSOA - Cancioneiro

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda Gira,
a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
__________________

AS HORAS PELA ALAMEDA

FERNANDO PESSOA

As horas pela alameda
Arrastam vestes de seda,

Vestes de seda sonhada
Pela alameda alongada

Sob o azular do luar...
E ouve-se no ar a expirar –

A expirar mas nunca expira
- Uma flauta que delira,

Que é mais a idéia de ouvi-la
Que ouvi-la quase tranqüila

Pelo ar a ondear e a ir...
Silêncio a tremeluzir...
____________________

MAR PORTUGUEZ

FERNANDO PESSOA
Ó mar salgado,
quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos,
quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena?
Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

COISAS DESSES BRASIS

19/08/2008 -
Essa escriba achava, meus leitores e leitoras, que já tinha visto e ouvido de quase tudo na face da Terra. Mas sempre há jeito de ser surpreendida. Não falo de coisas ruins, porque essas estão clamando aos céus: já escrevi aqui que, enquanto atingimos o ápice da tecnologia, praticamos cada vez mais atos que nos remetem à Idade da Pedra Lascada! Ara, sô! Minha tia, a terrível, desbocada e onírica Lady Zeferina também achava que já havia presenciado de tudo nesta vida, desde capadura de cabra abusado até cartaz de pai-de-santo anunciando a cura para espinhela caída, mau-olhado, unha encravada e negócios enrolados, males de amor e viadagem. Só que “fiquei de bobes e peruca kanecalon” ao ouvir um relato da minha filha Larissa, que veio nos ver no feriado, depois de 2 meses trabalhando lá em... (permitam-me não dizer o nome) que fica a uns três quilômetros pra lá de onde Judas perdeu as botas. Entre risos, causos sobre o serviço, comida caseira, telefonema de amigos e outros que tais, fiquei sabendo que, lá onde ela está morando, por força de desempenho de sua profissão de nutróloga, há um costume bastante curioso: a cidade conta com o serviço de carros com alto-falantes que anunciam os óbitos e convidam para os serviços religiosos e enterro. Só que, - valha-nos Deus!- o convite não é feito pela família e sim - pasmem ! - em nome do..falecido... Então, é comum ouvir-se pelas ruas da cidade o curioso convite: PEDRO XUMBREGA DA SILVA CUMPRE O DOLOROSO DEVER DE COMUNICAR O SEU FALECIMENTO OCORRIDO HOJE ÀS DEZ HORAS. SEU CORPO SERÁ VELADO NA CAPELA DE SANTO ANTÃO, NA RUA PRINCIPAL. O ENTERRO SERÁ REALIZADO NO CEMITÉRIO DA CIDADE, ÀS 9 HORAS DE AMANHÃ. POR ESTE ATO DE FÉ CRISTÃ, PEDRO ANTECIPA SINCEROS AGRADECIMENTOS!

S.O.S. BR-381
Um dia vou parar e juntar todos os comentários que já publiquei sobre a famigerada BR-381 nesses 30 e tantos anos de Ipatinga. Fábrica de defuntos, pela quantidade de desastres nesse trecho do Vale do Aço, mais uma vez a via requer mobilização de forças para sua melhoria . O Rotary Club já se posicionou, cobrando a duplicação da estrada. Tem todo o nosso apoio, pois já chega de sofrer. Observem o trecho Horto-Centro: pista irregular, buracos cavernosos que arrebentam os pneus, depressões que podem causar e causam inúmeros acidentes. Socorro, Ministério dos Transportes, Dnit, e quem mais possa ser responsabilizado! Cadê o dinheiro dos nossos impostos?



ELOS
Todo mundo sabe que sou professora. E que amo as escolas e os alunos, e que acredito que a redenção do homem, enquanto ser humano, somente é alcançada através da Educação. Creio que educar se faz por meio de muitos atos, de muitas maneiras. Creio que as sementes que jogamos, um dia darão frutos. Creio em elos. Vejam só: enquanto aluna de Letras da Unipac, a professora Helena assistiu a uma palestra que fiz sobre “COMO FAZER UM TRABALHO CRIATIVO COM POESIA”. Quem me levou lá foi a mestra Eliane Neves, filha de Pedro e da grande educadora Leila Neves. Que eu conheci na antiga Escola Santiago Dantas, o primeiro local onde lecionei em Ipatinga, isso por volta dos anos 70. Agora, já exercendo o magistério, Helena me convidou para falar para as 5ªs séries da Escola Estadual Márcio Cunha, no Horto. Lá fui eu. Minha fiel escudeira, Tia Leila, estava lá. Fui surpreendida ao ver que vários alunos haviam pesquisado sobre minhas crônicas no site do Diário do Aço. E foi uma festa. Falar sobre a importância da leitura, e sobre Poesia, para mim, é mamão com mel! Adoçado ainda pelo carinho da escola, pela atenção da diretora Maria do Carmo, pelo brilho nos olhos dos alunos... Contei história, brincamos com trava-línguas, dei autógrafos... Usei “OU ISTO OU AQUILO” de Cecília Meireles para falar da importância das escolhas que temos de fazer na vida. Cumprimento à professora Helena e aos alunos da turma Jequitibá! Ganhei abraços e beijos, cartazes de boas-vindas, cartinhas e bilhetes. E um monte de novos amiguinhos! Coisa mais linda! É assim formando elos, que a vida se torna melhor!