sexta-feira, 17 de outubro de 2008

UMA OU TRÊS COISAS QUE PENSO...

Amiga minha riu das minhas comunidades no orkut: tirando OS CAPIAU (HARDCORE) e O GRITO DE ALERTA, que é uma comunidade de jovens evangélicos, gente cabeça, só tem...POESIA! E tá ruim?
Tenho certeza que quando o zóide do dad alcançou o óv da dona Inês, ele fez um versinho. Podia não ser nada Xeiquisperiano, mas fez. AÍ eu nasci rimando umas cantigazinhas de choro! Porque até eu fico besta como gosto, vivo, escrevo, como, antropofagizo, cavalgo, viajo, velejo, vou ás luas de Saturno e ao Morro do Escorpião, leio e AMO POESIA! Ela é meu útero, cordão umbilical, ninho macio, local de encontro/desencontro, meu escudo e lança, ginete e pedra! Topada no dedão, nervo exposto, pele de ferida, sangue das entranhas, veia seccionda, gozo e vida...
Graças a ela, posso ser louca o quanto quero. Mas sou só aprendiz! Nunca vou saber tudo, e essa estranheza me humaniza.
Olhem só o que recebi de um novo amigo , Allison (GRUGO) , da cidade de Castro, no Paraná. (Atenção, a cidade de Castro não é exatamente um burgo da Nena, hein?)
Lá vai:
(Um poema de GRUGO)
Esse assunto
não discuto
ou mudo
o mundo
ou fico
mudo.
Uau! E o menino diz que só está começando, vejam vocês!
____________________________________________________________________
Agora, fazendo o caminho inverso, descobri um português que não se chama Joaquim nem Manuel, mas sim, Rômulo de Carvalho. O cara era cientista, foi professor, e escreveu romances, peças teatrais, artigos históricos e pedagógicos e ...POESIA! Só que usava o pseudônimo de Antônio Gedeão.
VEJAM QUE MAGAVILHA:
MINHA ALDEIA
(ANTÔNIO GEDEÃO)

Minha aldeia é todo o mundo.
Todo o mundo me pertence.
Aqui me encontro e confundo
com gente de todo o mundo
que a todo o mundo pertence.

Bate o sol na minha aldeia
com várias inclinações.
Ângulo novo, nova ideia;
outros graus, outras razões.
Que os homens da minha aldeia
são centenas de milhões.

Os homens da minha aldeia
divergem por natureza.
O mesmo sonho os separa,
a mesma fria certeza
os afasta e desampara,
rumorejante seara
onde se odeia em beleza.

Os homens da minha aldeia
formigam raivosamente
com os pés colados ao chão.
Nessa prisão permanente
cada qual é seu irmão.
Valências de fora e dentro
ligam tudo ao mesmo centro
numa inquebrável cadeia.
Longas raízes que emergem,
todos os homens convergem
no centro da minha aldeia