sexta-feira, 12 de setembro de 2008

O TERCEIRO OVO TEM UM MONTE DE DENTES!



Como podem ver , a gente ensinou Petit a escovar os dentes direitinho! E ela está mostrando pra vocês que tem todos eles e que são bonitos! Ô bocão! (Mãe corujésima!)

O TERCEIRO OVO QUE URUBU BOTOU ESTÁ LONGE....


É .. Aí está o terceiro ovo do urubu, com a equipe de trabalho. Está longe, por esses brasis a fora, prestando serviço lá longe...Ela sente saudades das montanhas de Minas, da comida mineira, dos amigos...e eu sinto uma puta saudade dela. Um beijo, mon PETIT AMOUR!

terça-feira, 9 de setembro de 2008

CONVERSA COM PASSARIM




Nena de Castro
(09/09/2008 )-


Domingo, sol e brisa de setembro... Sabiá canta , encanta e conta : vem eleição por aí, gente! Ai, que eu queria ter asas e voar no infinito azul, mas sou bípede sem membros voadores, presa ao chão, sem condições de alçar vôo... Valho-me pois da imaginação e viajo por campos floridos e verdes, borboletas ao sol, pipas coloridas, rosas brancas e vermelhas cheias de gotículas de orvalho, reluzentes jóias naturais... No meio de tanta beleza, canta o bem-te-vi: “vem eleição por aí”! Fico sem saber se falo como o rei Juan Carlos e digo ao passarito: “por que não te calas?” Ai, não, pobres avezinhas, que culpa têm dos disparates do Chávez e de todos os ditadores, das ambições e loucuras humanas, das coisas ruins que provocamos? Passarim vive feliz, nós é que somos insanos, cê já ouviu dizer que pássaro mandou fazer bomba A, bomba H, míssil teleguiado? Que fez muro para separar pessoas, que mandou fazer limpeza étnica?– Eu, hein! - diz a pardoca pousada no pé de alfazema, me espiando - isso é coisa de humano desumano! E não se esqueça, vem eleição por aí!- Ui, que preguiça! digo à moda de Macunaína! Vontade de mandar os passarim embora, usando, num contra senso, um verso de Vinícius: “Por que vieste na minha janela, meter o nariz? Se foi por um verso, não sou mais poeta, ando tão feliz”! Bom, feliz mesmo, ando não. Sinais dos tempos, difícil achar graça em alguma coisa, a gente quer ser feliz, mas a vida não deixa, o sistema quer te empurrar mentiras goela abaixo, é uma impustura danada, ah, que coisa, porque penso nisso, ao invés de fazer crochê? Mundo doido, curral de violência, tempos apocalípticos, facilidade que temos de maneira geral em fazer justiça com as próprias mãos, de condenar sem provas... Lembram-se daquela mulher que foi presa, acusada de matar a filha colocando cocaína na mamadeira? Pois é, foi presa, apanhou que nem cachorro tanto da polícia quanto das outras presas, perdeu quase totalmente a audição e a visão, creio que do lado direito, e agora saiu o laudo da perícia; neca de cocaína, a criança morreu por outro motivo. E agora, quem devolve a essa mulher o olho e a capacidade de ouvir? Mesmo que acione o Estado e seja vitoriosa, quem lhe devolve a felicidade, a dignidade, a crença, a saúde física e mental? Para que servirá o dinheiro que vier a ganhar, se ela própria já morreu? Ah não, mundo de paixões violentas, é preciso mudar a legislação, é preciso gritar ante a dor das pessoas, é preciso reagir, recusar-se a seguir a corrente, o disse-me-disse, o seguir os impulsos imediatistas ditados por uma vida corrida e sem nexo, recheada por loucura, crimes macabros e afins... Pobres de nós, jugo sem fim, medo de tudo, do trânsito, do assaltante, da polícia, do sistema, da impunidade de alguns... Como fazer justiça a quem já foi condenada e julgada antes sequer de terminarem as investigações? Dor infinda, passarim, dor infinda, aquela que dói no fundo da alma, como escreveu a poeta Vera Lúcia de Oliveira,




Por entre as junturas dos ossos,

a dor é funda,

Por entre as junturas dos ossos

a dor é feia

Por entre as junturas dos ossos

a dor é fatal.




A dor dá o tom da minha vida

E repisa novas e feridas velhas


Por entre as junturas dos ossos,

A dor é tudo:



Funda, feia, fatal!




Ouviu passarim, por que tudo é tão doído e tão doido? Xô!Pardoquinha balança a cabecinha, como a dizer que não tem jeito, alça vôo e some no céu azul. Não sem antes fazer coro ao sabiá e ao coleirinho: “Vem eleição, por aí!” Arre, então eu não sei? Meneio a cabeça: “Ora, direis, ouvir os pássaros” E me perco na contemplação de um domingo luminoso...