terça-feira, 24 de novembro de 2009

UM SULTÃO À MODA DE MINAS...

Há coisas em que a gente custa a acreditar. Por que são inadmissíveis, kafkianas, absurdas. Quando se fica sabendo de certos fatos, perdemos um pouco da fé na raça humana ou começamos a rir, sacudimos a cabeça e pensamos: o trem tá feio mesmo! Hoje, são tantos os acontecimentos desagradáveis que os meios de comunicação nos mostram, como ferida exposta, que somos tentados a pensar que “antigamente não era assim”. Mas o fato é que sempre aconteceram coisas discrepantes, só que não eram tão divulgadas, e o que “a cabeça não sabe, o coração não sente”. Hoje lhes conto um fato acontecido em um dos lugarejos onde morei, aí pelo chão das Gerais. Idos da década de 50, costumes vitorianos, moças vigiadas pelos pais, namoro só com “vela”, ou seja, alguém vigiando, era preciso muita sorte para dar e receber um beijo da namorada, ou namorado, qualquer tentativa de carinho era um deus-nos-acuda! No entanto, nas pequenas vilas, assim como nas cidades, aconteciam coisas bem estranhas. As comadres fofocavam, o arraial todo ficava sabendo, era um leva-e-traz em nome da moral e dos bons costumes, que era um horror! Imaginem que, com tanta vigilância, com tanto ardor inquisitório, a coisa pegava fogo, sempre alguém dava um jeito de burlar os costumes, e tome escândalo! Pensando nisso outro dia, eu me lembrei de Tonhão Bento. Era um caboco sem nenhum charme, exceto pelos olhos “gateados “ ou esverdeados, nem alto nem baixo, de fala mansa , chapéu , facão na cintura. Morava em um fazendinha que herdara dos pais, a duas léguas do povoado. O cavalo ruço de montaria, era reconhecido de longe, pois adiante dele, a pé, vinha uma de suas MULHERES... Não se espante o leitor com o plural, mas o caso é que Tonhão, sem nunca ter lido as histórias da Mil e Uma Noites, mantinha um harém!Logo após o falecimento de sua mãe, trouxe uma curiboca, miúda, cabelo curto, para a fazenda. Logo, veio outra, de cabelo comprido, liso, rosto bonito. As duas se revezavam nos cuidados da casa, na cozinha, no cabo da enxada e na cama do Tonhão. Que da vida, tinha duas certezas: não gostava de pegar no pesado, e gostava de mulher.. Naquele tempo, na roça, era comum a moça fugir para se casar com o rapaz dos seus sonhos. Daí, que muitas se estrepavam, quando descobriam que o Príncipe Encantado estava mais pro brejo que pra bailes no castelo. O Tonhão tinha uma fala macia, e passava conversa nas moçoilas. O que lhes prometia, ninguém sabia. Mas as moças vinham com ele, e aceitavam morar na fazenda, com as outras “esposas escravas”, enfrentando tarefas duras e até castigos físicos do “sultão”Tonhão passava o dia deitado na rede da varanda, de onde vigiava as mulheres trabalhando, garrafa de pinga ao alcance da mão, viola de lado. Chegou a ter 12 mulheres e um incontável número de filhos. A vila pipocava em conversas sobre o Tonhão e suas companheiras, as beatas se benziam, os homens tinham inveja. Mito para os homens, um sátiro para as comadres da vila, Tonhão não dava a mínima e levava a vida como queria. Eu, na época, uma menina franzina que usava tranças, ouvia os comentários e não entendia bem as coisas. Achava que as moças gostavam de morar na fazenda, por causa do viola que o Tonhão tocava e por que ele sabia cantar bonito. Ara, pois! Entonce, nada mais digo...

POESIA SEMPRE

ESTRELAS
(Orides Fontela)
Fixar estrelas no mapa móvel
zodíaco,
Jogar com astros
e fixar-se
no próprio jogo.

Nomear constelações
-submeter os astros
à palavra

Buscar estrelas.
Viver estrelas
- animal siderado
e siderante.

ZOOM- Um abraço para o poeta Zino Mendes, que reside em São José dos Campos e me deu a honra de ser meu amigo. Outro abraço, agora para os professores e a liderança do Sind-UTE que continuam a luta pela melhoria das condições da Educação.- As comemorações pelo Dia da Consciência Negra foram intensas no Vale do Aço e em todo o Brasil. Muito bom! Bartolomeu Campos de Queirós, o papa da literatura infantil no Brasil, deu uma linda entrevista no ABZ do Ziraldo, programa que a Rede Brasil apresenta aos domingos - Alô, Lima, foi um prazer revê-lo! - Cemário de Jesus, secretário municipal de Cultura, Esporte e Lazer esteve no ônibus biblioteca da Itapemirim e presenciou o trabalho desta colunista contando histórias para as crianças. Aproveitou e levou MARIANA CATIBIRIBANA para sua netinha - Parabéns à Escola Paulo Freire, que enviou seus alunos para participar das atividades no ônibus biblioteca. Às professoras Francisca Cobertina, Eni da Silva e Cleunice Oliveira Alves, os nossos cumprimentos.- E por falar nisso, os servidores municipais: Angélica, Chicão, Marlene e Nete, brilharam, auxiliando Fabio e Daniel na Biblioteca Móvel da Itapemirim! Parabéns, pessoal! Os monitores convidaram esta escriba para acompanhá-los, contando histórias em Santa Catarina. Fiquei lisonjeada! - Um dia feliz, com muitas coisas boas acontecendo, ao som de Martinho da Vila, Pity. Versos de Moacir Chrisóstomo e contos de Rubem Leite e do cumpadi Nini Resende. Nuvens no céu azul, flores do campo, torresmim com mandioca, e muita paz, são os meus votos . Au revoir.