sábado, 2 de agosto de 2008

(Imagem- "O Grito" - Munch )

CALENDÁRIO
Nena de Castro (Macunadru)

É agosto
E no meu rosto
Se acentua o meu desgosto.
Cada qual na sua face
Que a sua sina trace,
A minha já está traçada:
Na engrenagem da vida
esmagada, bem moída,
uivo de medo e de dor...
È agosto,
e o meu desgosto
marca as marcas do meu rosto
.Dói bem fundo,
Dor bem fina,
Dor doída,
minha sina.
Percebo que essa dor
Que me rói e estraçalha
Feito fio de navalha
Não é por causa do mês
Já nasceu aqui comigo
Como gêmeo siamês.
E é fato verdadeiro
Essa dor, pelo que entendo,
Dói de setembro a dezembro,
De janeiro a fevereiro,
E no mormaço de março
Dói como nunca se viu.
-A dor não some, é abril!
Em maio ela continua
Crua, triste, feia e nua,
Junho, julho, não sumiu!
E nem bem o frio jaz posto,
Eis de novo o mês de agosto,
Pobre mês, triste, alcunhado,
De azar acompanhado
Que carrega, desencanto,
A desculpa do meu pranto.
É agosto, e o meu desgosto
Carpe as mágoas em meu rosto
Neste longo calendário
Minha dor, meu inventário.
(agosto 85)

De surpresas e textos e imaginação dos leitores

29/07/2008 -

Gracinha dos meus leitores e leitoras! Atenderam ao desafio que fiz na crônica da semana passada, intitulada DECISÃO e interagiram comigo, enviando sugestões por e-mails, bilhetes e até pessoalmente, dando idéias variadas de finais para a história. Eu me diverti muito, lendo cada uma das colaborações e vendo que não sou a única a inventar moda, pois os finais foram do trágico ao cômico e até ao inusitado. Muito bom! Mas antes de passar às finalizações do pessoal, quero lhes mostrar um microconto: PACIÊNCIA“Após 5 atropelamentos, finalmente construíram a passarela. Tudo bem. Jó ainda tem vivos 2 de seus filhos.”Viram que conciso, direto e contundente, lindo, impressionante? Prova de que não é preciso escrever muito, como esta cronista faz (risos!) para uma boa comunicação! Dou um docinho de coco se vocês adivinharem de quem é esse texto. Como jamais adivinharão, entrego: o autor é Zé Mucinho! Uai - dirão vocês - Zé Mucinho não é o personagem da crônica CAUSOS DE UM MÊS MALAFAMADO? Sim. Não. Quer dizer, mais ou menos. A essa altura, o leitor deve estar se perguntando se eu bebi. Não, eu não bebo. Mas outro dia estive com um amigo que é professor de uma universidade federal e o pobre estava em fase de correção de redações. Que seriam cômicas, se o caso não fosse dramático: um festival de batatas, se me permitem usar uma expressão arcaica. Ele relatou que entre os absurdos que leu, um aluno escreveu a seguinte pérola. “Desde que a rainha Elizabeth assinou a Lei Áurea...” Ora, e nós que pensávamos que tinha sido a Princesa Isabel, hein? Deixa pra lá, quem sabe um dia a coisa melhora, não é mesmo? A esperança já pulou do tombadilho há muito tempo, mas a gente vai teimosamente, tocando o navio, ou levando o barco, fazer o quê? Bom, voltando ao caso do autor do microconto, vocês imaginem o susto que levei, em junho, ao receber um e-mail, no qual um cidadão informava ter lido meu texto e que gostara. Só queria saber de onde eu tirei o nome, vez que o dele, Zé Mucinho, havia sido herdado do avô! Eu levei um choque e arreneguei o coisa-ruim, como é que um personagem de repente está vivo e se comunica via internet? Só podia ser coisa do cramunhão, vade retro, volte para a crônica de onde saiu!O cara gostou da minha resposta e me afirmou que me mandaria um filme, um curta de sua autoria, que não chegou ainda, por causa da greve nos Correios. Um dia, resolveu falar dele próprio, e para resumir a ópera, o fantasma não é fantasma e sim um cineasta de São Paulo, que é formado em Letras e Desenho de Comunicação na USP, autor de livros, entre os quais “O Sucesso não Ocorre no Meu Caso”, que contém o conto A IMPRESCINDÍVEL MÁQUINA DE DESENTORTAR BANANAS. Tal texto, por sua vez, virou filme, um longa de animação, sob o título “Procura-me” com a voz de Felipe Folgosi e Luana Piovani. Uau! Onde Lady Zeferina foi amarrar seu burrico, não é, meus caros leitores? Ganhei mais um amigo cabeça! Mas voltando ao final da minha história interativa, foi ótimo constatar que imaginação não falta aos meus leitores e leitoras. Recebi cerca de 12 colaborações, findando o encontro do mocinho com sua amada, no ateliê desta, para saber a resposta ao seu pedido. Ao chegar, ele vê um caixão, no escuro. Sintetizei as respostas em: 1- SANGRENTAS, tendo escolhido a de Iva Maria, do Cariru, conforme o texto grifado. Vejam:E preparando-se para o que viria, segurou com força as flores. Que lhe pesavam nas mãos. “Mas de repente, uma bala atinge-lhe o peito, MORTALMENTE! (Era o amante traído que se vingava!) e ele cai, de costas. As flores se espalham pelo chão...”2- ROMÂNTICAS – As melhores foram as de José Sílvio, engenheiro e professor, que mora em Timóteo, e de Rogéria Cruz, moradora do Bom Retiro, que escreveu:Então veio a surpresa. Ela apareceu no salão, toda arrumada, decidida a sair com ele. Explicou-lhe que a tela no meio da sala era um recado para um antigo namorado, que não a deixava em paz. Com o caixão ela demonstrara que tinha morrido para o tal rapaz. O herói ficou aliviado e saíram felizes...”3 – CÔMICAS – Colocaram Hermínia, a heroína, como vampira, ou doentia, que morava com o pai no caixão deste, ou como escreveu Neuza Rodrigues: “A Hermínia era o Hermínio. Não teve coragem de enfrentar a triste realidade e preferiu se matar.”4 – INUSITADAS – Fabrício Franco, poeta ipatinguense que reside em Petrolina, em Pernambuco, enviou o seguinte: “Segurou com força as flores que lhe pesavam nas mãos. O caixão lembrou-lhe que jamais viveriam juntos, jamais teriam uma história. Respirou fundo, observando as sombras que a luz das velas provocavam. A dor era intensa. Súbito, ouviu uma risada. E ouviu a voz de Hermínia dizendo: não se assuste, é só um vernissage! Ouviu outros risos e compreendeu tudo. Exclamou: é louca! E deixou o local, atirando as flores ao chão...”E nada mais digo, a não ser que corro o risco de perder o meu lugar de cronista, para essa gente talentosa!

segunda-feira, 28 de julho de 2008

POESIA - (Um poema dolorido e doloroso!...)


SOBRE UM VERSO DE BILAC
NENA DE CASTRO "


Imagem: "Criança Morta", obra de Portinari


Criança,
não verás país nenhum como este”
aqui se matam infantes
de fome, de raiva, de sede,
de ignorância, de doença,
na selva da indiferença
dos políticos omissos,
que nos seus cultos e missas
entre améns e louvores
acalmam as consciências!
Criança, se podes, corre,
ultrapassa as barreiras do (i)lógico
e foge, para PASÁRGADA,
onde Bandeira descansa
em prosa dourada e mansa :
ele é amigo do Rei
e lá te dará pousada
e lá tu terás bonança!
Com sorte verás o Rosa,
que com causos de Miguilim
apaziguará teu sofrer.
Talvez encontres por lá
visitando o Manuel
o poeta de tais versos,
Que sofrerá ao te ver,
E tristemente dirá :
“Criança, país como este,
no qual existem FEBENS
E rios de águas mortas,
onde pivetes se banham
e Herodes lavam as mãos
enquanto gritam améns,
Certamente não verás!”
Só há festa nos castelos
E nos iates dourados!
E morrem de fome e crack
Meninos tão descorados,
Meninos tão desvalidos
Que vivem ao Deus-dará!
Criança, certamente não verás
um país tão mau e lento!
Foge dele, seu Pixote!
Do teu destino cruento
Se quiseres... se puderes,
Nas asas brancas do vento!

18.10.99 - 18h30m

22/01/06
Nilmar
é triste o descaso com as crianças do país. e é sensacional ver uma crítica tão bem formulada.
primeira <> última

OS CAPIAU -CAPIAU É BOBO?!!????

Apresento a vocês um conjunto de Hardcore que dá muito orgulho a Ipatinga!

2 jul

OS CAPIAU – CAPIAU É BOBO?

Hardcore não é minha praia! Talvez minha cabeça gauche só funcione em hardcore, mas para ouvir, prefiro outros trecos. Mas esses meninos são bons, muito bons. Cabeças, gente antenada com a shit dessa globalização de mentes, sem contar tudo o que já nos levaram. Comecei a gostar deles pelo nome: também eu , criada nas grotas de Minas, sou ...capiaua? capioa? (Péra aí que vou ver no tio Aurélio, o feminino). As letras deles são ótimas, eu já li, por que ao ouvir, não dá pra entender, deve ser pelo DNA avançado. Meu alter -ego minha tia LADY ZEFERINA, ou na intimidade, Zefinha da Tribuna, também adora os rapazes! Um beijo, meninos Vão em frente! E nada mais digo!

UM ABRAÇO DE NENA DE CASTRO
3 jul
MarcoTráfico
hehehehemuito bom Nena!
/4 jul
Thiago "Tom"
valeu nena! ta vendo mané? precisamos criar mais espaços como esses.hahaha...
/14 jul
Nilmar
êta que essa é uma mãezona capioa...