segunda-feira, 27 de outubro de 2008

SABIÁ LÁ NO JARDIM...







21/10/2008 - (Nena de Castro-MACUNADRU).

Novamente acordo no sábado, com a velha inimiga, a enxaqueca, se manifestando. O mundo explode em dor pulsante, náuseas e fobia quanto à luz. Saio lá fora para pegar o jornal, protegendo os olhos com a mão. Kid abana o rabinho, amoroso como sempre, e minha sabiá de plantão, a Gertrud, cisca no meio dos farelos de pão que o dono da casa coloca perto da água, toda manhã. Uma rolinha lhe faz companhia, e Gertrud reclama com ela o fato de que a proibi de fazer o ninho no meu vaso de samambaia, na varanda. Certa feita, outra sabiá lá se aninhou, e nós não tivemos coragem de expulsá-la. Ficamos vendo nossa planta morrer de sede enquanto a ave chocava seus ovinhos. No final, a samambaia morreu, mas dois lindos filhotes nasceram e cuidamos deles, colocando-os em gaiola, onde a mãe os alimentava. Quando estavam fortes para voar, abrimos a gaiola, fizemos o bota-fora e depois fomos cuidar de replantar a samambaia. Gertrud, minha velha inquilina, que não paga aluguel, pára de ciscar por um momento e me diz: - "Sábado de sol, dia lindo, pode me explicar por que os jovens estão morrendo e matando em vez de irem praticar esportes, namorar, cantar e viver? O que vocês estão fazendo com seus filhos, ou pior, permitindo que outros façam, que os deixam tão desesperados? Tão desesperançados? Tão infelizes?" - Ai, Gertrud, quisera saber - respondo. A moçada, na fase mais linda de sua vida, está aí, se matando, se drogando, jovens esmagados sob tanta informação sem formação, vítimas de um sistema inoperante, vivendo em um mundo desordenado e sem valores. Não diga que culpo o sistema por tudo, mas é preciso que o governo desenvolva uma política mais abrangente e atraente para a juventude. Só a escola não basta, é preciso centros de atenção à família, locais onde os jovens possam se divertir, discutir seus anseios e, principalmente, encontrar quem os ouça, sem julgar, sem condenar, aceitando o turbilhão de sentimentos que os acompanham. Aí, tragédias como a de Santo André e tantas outras não mais existirão.
- "Vá sonhando, consertadora do mundo, vá sonhando!" – diz Gertrud, enquanto bate as asas e alça vôo para não sei onde.
Espantada, resolvo voltar para a cama, enquanto penso com quem será que minha sabiá aprendeu a ser irônica...

CHAME O LADRÃO!
Esta semana, veio à minha mente o refrão da canção do Chico Buarque, ao ver as polícias civil e militar se enfrentando em distúrbios de rua em São Paulo. Serra diz que a greve é manobra eleitoreira, os policiais civis se defendem invocando o direito de lutar por melhores salários. Enquanto "os home" brigam entre si, Lady Zeferina acha graça, pensando que estão provando um pouquinho do "remédio" que sempre aplicaram em grevistas e estudantes, principalmente na época dos anos de chumbo. Outro episódio infeliz foi o desastre da operação-resgate em Santo André. Até eu, que nada entendo de operações policiais, sei que o primordial é retirar os reféns de perto do seqüestrador, vivos, se possível. Agora, mandar de volta para a toca da onça uma menina inocente, faça-me o favor... No entanto, o erro de uma operação desastrosa não deve apagar as vitórias alcançadas. Observo que ser policial é uma das profissões mais ingratas do mundo. A sociedade, que precisa dos policiais, também os despreza. O governo sempre os tratou com descaso, descaso este estendido aos professores. Conviver diuturnamente com o perigo, a tensão, as cobranças, ter de cuidar da família, com um salário nem sempre à altura, tudo isto pesa, e muito. Não se trata, portanto, de só propor aumento de salário e fornecer equipamentos modernos. É preciso assistência integral, melhoria dos cursos de formação, plano de carreira, prêmios, oportunidade de estudar e se desenvolver como todo ser humano precisa para ser feliz. Aí, ninguém mais vai cantar, "chame o ladrão, chame o ladrão".


ZOOM
►Bom dia, minha flor do campo, querida poeta Dona Bizuca! Devemos à senhora o poema que deu origem ao Hino de Ipatinga! Que Deus a cubra de bênçãos junto aos seus queridos!
►Sei não, mas a notícia veiculada por jornal de São Paulo, dando conta de um grupo, sob a liderança do pastor Inereu Lopes, que vendeu bens e abandonou famílias para viver numa comunidade em Ecoporanga/ES, aguardando o fim do mundo, sem se misturar com os pecadores, não tá me cheirando bem. É o caso de a PF fazer uma investigação séria, antes que...
►Um abraço para Manoel Roberto Souto e a professora Célia, do Colégio Assedipa. O amor é lindo mesmo, não é?
►Outro abraço, agora para as meninas do Sind-UTE, Feliciana Saldanha, Reny Batista e toda aquela turma animada que prepara com carinho mais uma edição da Confraternização pelo Dia do Professor.
►Respondo à consulta de minha leitora Iva Maria, do Cariru, via e-mail: sua pergunta procede, cara leitora: estadia, que muitos usam para determinar o tempo que passam em algum lugar, refere-se ao prazo concedido para carga e descarga do navio no porto. Já para determinar o tempo em que pessoas permanecem em um local, o correto é estada. Em caso de dúvida (e quem nunca as teve?), consulte o "Tio Orélio", pai dos inteligentes. E quanto à famosa frase "uma rosa é uma rosa, é uma rosa, é uma rosa", a mesma é de autoria da americana Gertrud Stein. Já o autor de "O Nome da Rosa", é o italiano Umberto Eco. O livro retrata a investigação de um crime um monastério na Idade Média; virou filme, com Sean Connery no papel principal. Z Abraços para Gilda de Sá e Andréa Coelho, alunas de Pedagogia da Faculdade Pitágoras, que trabalharam no III Salão do Livro...
►Um dia cheio de borboletas coloridas voando pelo espaço, céu azul e sol, água de cachoeira caindo na cabeça, bem fria e relaxante. Som de João Gilberto, poemas de Antônio Gedeão, aquela mandioca frita com torresmo (tudo ligth, xô colesterol!) suco de graviola, amor, alegria e paaz, são os meus votos. Au revoir.

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