quinta-feira, 24 de julho de 2008

CANÇÃO PARA ISABELA NARDONI


CANÇÃO PARA ISABELLA (NARDONI)
Nena de Castro-06-05-2008
Imagem: "Seara com Gralhas" - Van Gogh

Menininha, quer brincar comigo?
/de pular corda/de cozinhadinha/
de contar história/de pique e rodinha/
"pião entrou na roda, ô pião"/
Menininha, me dê a mão/
vamos ao parquinho /
girar, girar, girar/ no cavalinho/
e rir no carrossel/
Comer algodão-doce /de nuvem azul/ e chupar pirulito de mel/
Olha a gangorra! Olha a Árvore da Vida/
carregadinha de maçãs, sorvete, caramelos/
e borboletas coloridas/
que pousam em seu cabelo/
Que tiara mais bonita!/
Vou lhe trazer um espelho!/
Olha, lá, menininha, venha ver/
anjinhos levados fazem chover/
estrelas de toda cor! /
Não tenha pressa, amor /
aqui é sempre cedo/
Pode brincar de esconde-esconde, sem medo/
Não é preciso se assustar/
No céu, menininha/
tutu marambá não pode entrar!

Orra, meu! Esse poema me custou um rio de lágrimas! Durante toda aquela investigação, esse caso cruel me incomodava, como a todo mundo. Só que eu me recusava a ver aquelas reportagens que eu achava sensacionalistas. O fato em si já é uma pauleira, e eu não queria ver, não queria saber, embora já soubesse. Reprimi o poema por muito tempo. Um dia, eu me assentei e comecei a escrever algo assim: ‘menininha, sufoquei por muito tempo esse poema..." Aí eu parei, ao lembrar que ela tinha sido sufocada. Apaguei tudo e saí do escritório chorando. Voltei certo tempo depois, e recomecei, só que a cada estrofe, eu caía novamente em pranto e saía.
Minha caçula Larissa, (23) ao me ver sair pela 6ª ou sétima vez, me perguntou o que rolava. –Isabela, foi minha resposta. Ela entendeu. Ao terminar, debrucei a cabeça sobre a mesa e chorei por muito tempo, soluçando por Isabela e por toda criança que é maltratada. Aí, chamei Larissa para ver minha homenagem. Ela chorou também. Mas eu tinha que acertar contas comigo, eu precisava exorcizar esse fantasma, eu TINHA que expressar minha (nossa ) dor e indignação! Saiu assim, como vc leu. Até hoje, dia 24 de julho/08, quando postei no meu blog, as lágrimas vieram...Fazer o quê? Sou mãe, professora, contadora de histórias, sei o que é ver os olhinhos inocentes das crianças, brilhando ao me ver contar aventuras e contos de fadas! Meu Deus, o que está acontecendo nesse país? Com os pais? Conosco? Quantas crianças vão precisar morrer, até que alguma coisa seja feita? Terminei uma das minhas crônicas,intitulada DE MEDOS, SUSTOS E BICHOS, publicada em 13 de maio/08, no Diário do Aço (http://www.diaro/ do aco.com.br) assim: "gente é gente, bicho é bicho. Mas parece que nós, que nos denominamos gente e seres civlizados, estamos precisando aprender com os animais. Pois até as cobras, por mais venenosas que sejam, protegem seus filhotes. Já alguns seres humanos... (E NADA MAIS digo!) Nena de Castro

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