sábado, 2 de agosto de 2008

De surpresas e textos e imaginação dos leitores

29/07/2008 -

Gracinha dos meus leitores e leitoras! Atenderam ao desafio que fiz na crônica da semana passada, intitulada DECISÃO e interagiram comigo, enviando sugestões por e-mails, bilhetes e até pessoalmente, dando idéias variadas de finais para a história. Eu me diverti muito, lendo cada uma das colaborações e vendo que não sou a única a inventar moda, pois os finais foram do trágico ao cômico e até ao inusitado. Muito bom! Mas antes de passar às finalizações do pessoal, quero lhes mostrar um microconto: PACIÊNCIA“Após 5 atropelamentos, finalmente construíram a passarela. Tudo bem. Jó ainda tem vivos 2 de seus filhos.”Viram que conciso, direto e contundente, lindo, impressionante? Prova de que não é preciso escrever muito, como esta cronista faz (risos!) para uma boa comunicação! Dou um docinho de coco se vocês adivinharem de quem é esse texto. Como jamais adivinharão, entrego: o autor é Zé Mucinho! Uai - dirão vocês - Zé Mucinho não é o personagem da crônica CAUSOS DE UM MÊS MALAFAMADO? Sim. Não. Quer dizer, mais ou menos. A essa altura, o leitor deve estar se perguntando se eu bebi. Não, eu não bebo. Mas outro dia estive com um amigo que é professor de uma universidade federal e o pobre estava em fase de correção de redações. Que seriam cômicas, se o caso não fosse dramático: um festival de batatas, se me permitem usar uma expressão arcaica. Ele relatou que entre os absurdos que leu, um aluno escreveu a seguinte pérola. “Desde que a rainha Elizabeth assinou a Lei Áurea...” Ora, e nós que pensávamos que tinha sido a Princesa Isabel, hein? Deixa pra lá, quem sabe um dia a coisa melhora, não é mesmo? A esperança já pulou do tombadilho há muito tempo, mas a gente vai teimosamente, tocando o navio, ou levando o barco, fazer o quê? Bom, voltando ao caso do autor do microconto, vocês imaginem o susto que levei, em junho, ao receber um e-mail, no qual um cidadão informava ter lido meu texto e que gostara. Só queria saber de onde eu tirei o nome, vez que o dele, Zé Mucinho, havia sido herdado do avô! Eu levei um choque e arreneguei o coisa-ruim, como é que um personagem de repente está vivo e se comunica via internet? Só podia ser coisa do cramunhão, vade retro, volte para a crônica de onde saiu!O cara gostou da minha resposta e me afirmou que me mandaria um filme, um curta de sua autoria, que não chegou ainda, por causa da greve nos Correios. Um dia, resolveu falar dele próprio, e para resumir a ópera, o fantasma não é fantasma e sim um cineasta de São Paulo, que é formado em Letras e Desenho de Comunicação na USP, autor de livros, entre os quais “O Sucesso não Ocorre no Meu Caso”, que contém o conto A IMPRESCINDÍVEL MÁQUINA DE DESENTORTAR BANANAS. Tal texto, por sua vez, virou filme, um longa de animação, sob o título “Procura-me” com a voz de Felipe Folgosi e Luana Piovani. Uau! Onde Lady Zeferina foi amarrar seu burrico, não é, meus caros leitores? Ganhei mais um amigo cabeça! Mas voltando ao final da minha história interativa, foi ótimo constatar que imaginação não falta aos meus leitores e leitoras. Recebi cerca de 12 colaborações, findando o encontro do mocinho com sua amada, no ateliê desta, para saber a resposta ao seu pedido. Ao chegar, ele vê um caixão, no escuro. Sintetizei as respostas em: 1- SANGRENTAS, tendo escolhido a de Iva Maria, do Cariru, conforme o texto grifado. Vejam:E preparando-se para o que viria, segurou com força as flores. Que lhe pesavam nas mãos. “Mas de repente, uma bala atinge-lhe o peito, MORTALMENTE! (Era o amante traído que se vingava!) e ele cai, de costas. As flores se espalham pelo chão...”2- ROMÂNTICAS – As melhores foram as de José Sílvio, engenheiro e professor, que mora em Timóteo, e de Rogéria Cruz, moradora do Bom Retiro, que escreveu:Então veio a surpresa. Ela apareceu no salão, toda arrumada, decidida a sair com ele. Explicou-lhe que a tela no meio da sala era um recado para um antigo namorado, que não a deixava em paz. Com o caixão ela demonstrara que tinha morrido para o tal rapaz. O herói ficou aliviado e saíram felizes...”3 – CÔMICAS – Colocaram Hermínia, a heroína, como vampira, ou doentia, que morava com o pai no caixão deste, ou como escreveu Neuza Rodrigues: “A Hermínia era o Hermínio. Não teve coragem de enfrentar a triste realidade e preferiu se matar.”4 – INUSITADAS – Fabrício Franco, poeta ipatinguense que reside em Petrolina, em Pernambuco, enviou o seguinte: “Segurou com força as flores que lhe pesavam nas mãos. O caixão lembrou-lhe que jamais viveriam juntos, jamais teriam uma história. Respirou fundo, observando as sombras que a luz das velas provocavam. A dor era intensa. Súbito, ouviu uma risada. E ouviu a voz de Hermínia dizendo: não se assuste, é só um vernissage! Ouviu outros risos e compreendeu tudo. Exclamou: é louca! E deixou o local, atirando as flores ao chão...”E nada mais digo, a não ser que corro o risco de perder o meu lugar de cronista, para essa gente talentosa!

Um comentário:

Anônimo disse...

Agora sim! vi, revi, regozijei (com o perdão do verbo religioso e safado ao mesmo tempo...)

OLha, quanto ao filme (que não chega) vou remeter novamente, desta vez pro seu outro endereço, ok? Se por acaso chegarem os dois DVDs, uma dica: faça um mini concurso de (mini)contos (aqui no blog e no jornal), com o tema "felinos de casa" e dê o filme como prêmio. Que tal?

De novo: adorei seu livro da "Mariana Catibiribana" - quem ainda não leu... tá perdendo.