terça-feira, 23 de setembro de 2008

DELÍRIOS HISTÓRICOS



Nena de Castro

(Napoleão Bonaparte)


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Além do Português, sempre fui fascinada pelo estudo de História. Todos aqueles fatos, batalhas, vencedores, perdedores, povos subjugados, resistência, as loucuras dos reis e imperadores... Se você pensar bem, vai ver que, ainda hoje, tudo isso acontece, sob nova roupagem. Cazuza tinha razão: a vida é "um museu de grandes novidades." Dos guerreiros cuja saga nos chegou através dos anais históricos, Napoleão Bonaparte é um sujeito interessante. Nascido na Córsega, foi enviado a uma escola militar aos 10 anos. Estudioso e inteligente, alcançou o posto de tenente de Artilharia aos 19 anos e o de general (sim, senhor!) aos 27! Invadiu os países da Europa Central e Ocidental e foi coroado imperador, com pompa e circunstância. Aí, num nepotismo sem fim, nomeou seus irmãos, primos, sobrinhos, agregados e apaniguados, como reis dos países conquistados. Como se vê, a prática vem de longe e o Brasil está tentando acabar com tal praga, mas encontra feroz resistência da parte de alguns políticos que "quebram a dentadura, mas não largam a rapadura"... Voltando a Napoleão, o cara reinou por 15 anos, vencendo todas as batalhas, até que invadiu Moscou e tomou na cara, não pelo exército russo, mas pelo inverno rigoroso, terrível, que acabou minando o exército francês. Agora, o que os brasileiros não sabem, ou não se lembram, é que a gente deve muito ao impetuoso guerreiro. Ao disputar poderio com a Inglaterra, decretou o chamado Bloqueio Continental e ameaçou invadir Portugal, aliado dos ingleses. O que fez com que Dom João VI, ainda Príncipe Regente, viesse para o patropi, de navio, com ministros, servos, baús, a mala que era sua esposa Carlota Joaquina, cuia, papagaio, periquito, piolhos europeus e quejandos... Alcançamos então certo progresso, com a elevação do Brasil a Reino Unido a Portugal e Algarves (que parece nome de escola de samba, mas foi um troço sério), seguindo-se a abertura dos portos (para permitir que a Inglaterra levasse o que quisesse, sem problemas), a fundação da Imprensa, do Banco do Brasil e de outras repartições necessárias ao bom funcionamento de um reino.
Dom João, na falta de telefones e grampos da Abin, valia-se de espiões para vigiar a espevitada Carlota Joaquina, que não podia ver um representante do sexo masculino sem levá-lo para o leito real. Dizem as boas línguas que ela até mandou dessa para pior uns desabusados que não mais queriam "brincar" com ela. Por aí se entende de onde veio o insaciável apetite sexual de Dão Pedro I, que era considerado um sátiro, não podendo ver um rabo de saia e, sem preconceito de raça, traçava todas... Ele teria até composto a famosa marchinha "O teu cabelo não nega, mulata", mas se esqueceu de registrar a composição, o que foi feito muito tempo depois por Lamartine Babo, hi, hi, hi! (Credo, onde vai parar essa crônica? Eu queria falar era de Napoleão Bonaparte, e já estou falando de marcha carnavalesca, será que é a sina, de nesse país, tudo acabar em samba e pizza? Perdão, leitores e leitoras, o trem tá brabo hoje; exerçam a tolerância com a velhinha que tecla, e mal, essas pobres linhas!). Mas eu fico pensando que, caso o Imperador tivesse invadido o Brasil, ele não resistiria às nossas monumentais negras e mulatas. E a gente teria, com muita honra, um monte de sararás falando francês e ostentando nomes como Sebastiana Girimum Bonaparte e Napoleão Jesus da Silva! Que saberiam apreciar foie gras, escargot, caipirinha e feijoada! E cantariam a Marselhesa em ritmo de samba-enredo e desfilariam todos os anos na Escola de Samba Fraternité e Egalité, skindô, skindô! E certamente me mandariam para as cucuias, após ler a salada histórica que temperei hoje, um autêntico "samba da cronista doida"! Calma, leitores, não fiquem nervosos! Se o meu editor não me defenestrar, prometo a vocês que vou ao psiquiatra, e nunca mais como couve nascida perto de cogumelo brabo, na minha horta! E nada mais digo!
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